Liza Yurie Teruya Uchimura

 

Há muitos fatores a serem identificados e fluxos a serem estabelecidos nas interfaces entre a atenção primária e a rede de urgência e emergência. A comparação de diferentes sistemas de saúde com processos de políticas de saúde baseados na regionalização pode resultar em novos instrumentos de planejamento de saúde. Nesse sentido, compreender os arranjos e dinâmicas regionais do sistema de saúde canadense em um estudo comparativo com a realidade brasileira possibilitou a implementação de estratégias para o desenvolvimento de inovações e o planejamento da gestão em saúde no Brasil.

Objetivo: Identificar os fatores que interferem no estabelecimento das interfaces da atenção primária e a rede de urgência e emergência em diferentes realidades socioespaciais (regiões) e nos diferentes sistemas de saúde.

Métodos: Trata-se de dois estudos de caso: no Brasil, utilizando métodos mistos e no Canadá, métodos qualitativos. O estudo nas regiões Norte-Barretos e Sul-Barretos (São Paulo, Brasil) consiste em entrevistas com informantes chave e análise de dados secundários. Na Mississauga Halton Local Health Integration Network e na Toronto Central Local Health Integration Network (LHIN) (Ontário, Canadá) foram realizadas entrevistas com informantes-chave. Os dados dos questionários estruturados foram tabulados usando o software PHP Line Survey – Open Source. Os cálculos estatísticos foram realizados no SPSS Statistics for Windows, versão 22.0. A análise temática dos dados qualitativos (entrevistas com questões abertas, atas de reuniões e documentos) foi realizada no software Atlas-ti. Os resultados dos estudos de caso foram analisados de forma independente e, finalmente, comparados para identificar suas diferenças e semelhanças. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo sob o número de processo 045/16.

Resultados: Aspectos políticos, estruturais e organizacionais interferem em diferentes níveis entre a atenção primária e a rede de urgência e emergência nas regiões selecionadas para este estudo. A regionalização como dimensão da política de saúde tem apresentado resultados satisfatórios para o planejamento, a tomada de decisão e a gestão de recursos com foco nas necessidades de saúde, mas tem sido insuficiente para a integração da atenção primária e da rede de urgência e emergência. Barreiras e facilitadores, nos níveis político, estrutural e organizacional, foram identificados para a integração da atenção primária com os serviços de emergência nas regiões estudadas.

Conclusão: Os gestores de saúde devem reconhecer as interfaces e integrar os diferentes serviços de saúde e compartilhar conhecimentos e diagnósticos de saúde da população. A gestão fragmentada da saúde reflete-se em cuidados de saúde fragmentados. Para alcançar uma integração eficaz entre os serviços de saúde, as partes interessadas e formuladores de políticas devem priorizar um melhor desempenho gerencial, fóruns eficazes de trabalho em equipe, treinamento de liderança e programas de monitoramento para cada dimensão do cuidado integrado.

 

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