O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) publicou o Texto para Discussão nº 3058, intitulado Economia da Saúde no Brasil: Trajetória e Contribuições do IPEA para sua Institucionalização no Setor Público. O estudo aborda a evolução da economia da saúde no Brasil, destacando o papel central do IPEA na consolidação deste campo como área de conhecimento e prática no setor público. A economia da saúde, que começou a se estruturar na década de 1960, tornou-se central para lidar com os desafios da gestão de recursos e equidade no acesso aos serviços de saúde. No Brasil, sua institucionalização foi intensificada no contexto de implementação do Sistema Único de Saúde (SUS) nos anos 1980, quando demandas por eficiência e sustentabilidade financeira se tornaram ainda mais urgentes.

O IPEA desempenhou um papel essencial nesse processo ao produzir análises sobre financiamento público, fornecendo subsídios técnicos para a formulação de políticas e promovendo estudos que conectaram economia e saúde de maneira interdisciplinar. Um marco importante foi a publicação, em 1995, do livro Economia da Saúde – Conceitos e Contribuição para a Gestão do SUS, coordenado por pesquisadores do instituto, que ajudou a difundir conceitos fundamentais para gestores e formuladores de políticas.

O texto também destaca o desenvolvimento de ferramentas como as contas nacionais de saúde, um esforço iniciado nos anos 2000 que oferece dados detalhados e comparáveis sobre os gastos em saúde no Brasil. Essas informações são vitais para a formulação de políticas públicas e para o acompanhamento da alocação de recursos no SUS

Outro ponto relevante do estudo é a parceria do IPEA com outras instituições, como o Ministério da Saúde e a Associação Brasileira de Economia da Saúde (ABrES), fundada em 1989. Essas colaborações resultaram em iniciativas como o Projeto Economia da Saúde (PES), que fortaleceu a formação de gestores e promoveu a criação de núcleos de economia da saúde em estados e municípios. Além disso, o IPEA apoiou a criação de redes de cooperação técnica e fomentou a internacionalização do debate, contribuindo para a criação da Associação de Economia da Saúde da América Latina e Caribe (AES-LAC).

Apesar dos avanços, o texto ressalta que ainda há desafios significativos para o campo da economia da saúde no Brasil. O subfinanciamento do SUS, a necessidade de maior integração entre políticas públicas e análises econômicas, e a ampliação de pesquisas em áreas como avaliação de tecnologias e eficiência continuam sendo barreiras importantes. No entanto, o estudo enfatiza que o IPEA segue sendo um ator estratégico para o desenvolvimento da economia da saúde, tanto na produção de conhecimento quanto na articulação de parcerias nacionais e internacionais. A publicação reforça a importância de fortalecer essa área como um instrumento indispensável para a sustentabilidade do SUS e para garantir o direito constitucional à saúde no Brasil.

Translate »