Davi Carvalho

O projeto Trajetória da Saúde em SP resgata a memória da implantação das políticas de saúde em São Paulo, revelando disputas, atores e contextos que ajudam a compreender o presente e pensar os futuros possíveis do SUS.

Maior levantamento já realizado sobre as UBS do SUS mostra evolução da cobertura e redução de desigualdades regionais, mas aponta desafios estruturais e tecnológicos para ampliar o acesso e qualificar o cuidado em todo o país.

A discussão deixou claro que o cuidado não é apenas uma questão privada ou feminina, mas um bem público essencial à vida em sociedade — e que ignorá-lo significa perpetuar desigualdades e comprometer o desenvolvimento.

Austeridade econômica e retração do Estado social aprofundam desigualdades, fragilizam redes de proteção e impõem novos riscos à saúde mental, exigindo resistência social e inovação em políticas públicas para garantir direitos e dignidade em tempos de crise.

O Brasil destina mais recursos ao pagamento de juros da dívida pública do que a investimentos em saúde e educação, segundo a UNCTAD. A tendência, comum no Sul Global, reflete a pressão do endividamento sobre orçamentos nacionais: em 2024, juros devem consumir 13,5% da receita, contra 10,8% para saúde e 7,6% para educação.

Apesar dos avanços, a gestão dos consórcios públicos de saúde enfrenta desafios como sobreposição de políticas, dificuldades na pactuação de recursos e falta de transparência. A cooperação entre municípios nem sempre é harmoniosa, e a sustentabilidade financeira ainda é um entrave. O futuro da regionalização passa pela superação dessas barreiras e pelo aprimoramento da governança.

Para garantir a sustentabilidade dos consórcios públicos, inovação e tecnologia são essenciais. Modelos de financiamento mais previsíveis, digitalização da gestão e ampliação dos serviços são caminhos para fortalecer essa estrutura no SUS. Estados como Paraná e Minas Gerais testam novas abordagens para garantir eficiência, transparência e continuidade dos serviços regionais.

O mundo produz comida para 10 bilhões de pessoas, mas 828 milhões enfrentam fome. Relatório do IPEA aponta que o problema não é produção, mas justiça: ampliar proteção social, democratizar tecnologias e redistribuir recursos é o caminho.

Entrevista com As organizadoras Luciana Dias de Lima e Silvia Karla Azevedo Vieira Andrade, organizadoras do Seminário Nacional de Consórcios Públicos e Regionalização do SUS, entre 24 e 25 de fevereiro de 2025.

Em entrevista, Luís Eugênio Portela de Souza analisa os avanços desse modelo, os desafios de financiamento e governança e como os consórcios podem fortalecer a regionalização do Sistema Único de Saúde sem reforçar o modelo curativista.